Na terça-feira, fui deixar meu curriculum em uma instituição de ensino, e na volta, para não pegar dois ônibus, resolvi andar uns 2000 km de salto alto até a parada que a linha de ônibus pára na esquina de casa. Em Rio Branco, a sensação térmica era de no mínimo uns 100 o.C.
Okay, né. Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Incomumente eu estava bonitinha porque tinha que dar impressão de que eu sou uma moça limpa e bem cuidada.
Eis que entro no 301 e de longe vejo que tem um senhor idoso bem bêbado. Bêbado num nível que ainda não alcancei. Passei pela catraca já analisando um local em que eu ficasse numa distância segura porque, QUIRIDOS, eu sei o tipo de coisa que atraio. Porém não deu. Virei de costas para o senhorzinho, que essa altura do campeonato, tava amolando todo mundo.
Gente, não é que ele acertou em cheio a mão na minha bunda e me chamou de gostosa? Evidentemente fiquei apavorada com a apalpada (Cês perdoa a cacofonia. amo adoro sou ) e armei um escândalo:
- OLHA MEU SENHOR ISSO NÃO SE FAZ. QUERO VER TU PASSAR A MÃO NESSE CARA
Logo após me dirigi ao motorista e pedi para que ele gentilmente parasse o ônibus na próxima parada e colocasse aquele idoso fora porque não sou obrigada e nem mulher alguma tem que tolerar esse tipo de derrespeito (ó só ela de novo).
Antes eu ficava calada, envergonhada, No entanto, vi, graças à Beauvoir, que eu não sou a nêga de ninguém e se eu fico calada sendo vítima desse tipo de abuso, estou compactuando para que essa atitude asquerosa continue e seja encarada como algo natural.
Lamentavelmente, essa não é a primeira vez que passei por algo semelhante. É horrível passar pelas ruas, avistar um grupo de homens e ter que baixar a cabeça para não ouvir tanta obscenidade, de ter ser encoxada dentro de um ônibus, de sair para alguma festa e ter que se esquivar dos agarrões não consentidos. É desmoralizante falar para que parem de falar de partes do seu corpo ou então de chamar atenção para que não peguem no seu cabelo e ser zoada por isso. Isso é violar limites morais e corporais.
O corpo é meu e só cabe a mim permitir quem pode e como deve toca-lo.
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Soltem o verbo...